sábado, 24 de julho de 2010

MENOR NÃO FOI OUVIDO...

Menor não foi ouvido em audiência, diz promotor

Adolescente já havia prestado depoimento quando chegou a MG.
No Juizado, Bruno, Macarrão e Bola não se manifestaram.

Menor saiu do juizado escoltado
Menor saiu do juizado, em Contagem, escoltado

O adolescente que foi detido na casa do goleiro Bruno de Souza, no Rio de Janeiro, não foi ouvido na audiência de instrução realizada nesta quinta-feira (22) no Juizado da Infância e da Juventude, em Contagem (MG). A informação é do promotor da Infância e da Juventude Leonardo Barreto Moreira Alves, que afirmou que o menor já havia prestado um depoimento válido na semana passada, logo depois que chegou a Minas Gerais.

Segundo Alves, na ocasião, o menor disse que participou do sequestro de Eliza Samudio, mas negou que tenha presenciado a morte e ocultação de cadáver. As informações foram confirmadas, nesta quinta, por Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, que falou durante a audiência.

Bruno sorri ao deixar juizado, em Contagem
Bruno sorri ao deixar juizado, em Contagem

Para o promotor, os envolvidos podem responder por homicídio, mesmo que não seja encontrado o corpo de Eliza. "Um simples testemunho pode suprir ausência de um cadáver, do corpo da vítima, e permite a adoção de medidas socioeducativas no caso do menor e uma condenação, no caso de um tribunal do júri. Isso se chama materialidade indireta", explicou.

O Ministério Público Estadual tem prazo de 24 horas, a partir do fim da audiência, para apresentar suas considerações sobre a sessão. Em seguida, a defesa do menor tem 24 horas para se pronunciar. Depois, a Justiça deve anunciar o futuro do rapaz. O juiz Elias Charbil pode determinar que o menino cumpra medida socioeducativa de imediato.

O advogado Stanley Gusmann, da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), que acompanhou a audiência disse que o adolescente foi bem atendido no centro onde está internado, em Belo Horizonte, e no juizado, em Contagem.

'Pressão'
Após a audiência, o advogado do menor, Eliezer de Almeida Lima, voltou a dizer que o menor foi pressionado no primeiro depoimento que prestou, ainda no Rio de Janeiro, no início deste mês.

No início da tarde desta quinta, Lima já havia dito que as declarações feitas pelo menor são diferentes das que ele apresentou para as polícias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. “O primeiro depoimento, se é que podemos tratar dessa maneira, foi coletado sem a presença de um tutor, curador ou responsável legal do menino. Pressionado, ele acabou inventando algumas coisas, tendo delírio em razão da pressão sofrida à ocasião”, disse.

Segundo o advogado, o adolescente disse que recebeu "um tapão na cara" quando prestou esse depoimento, no Rio.

A Polícia Civil fluminense informou que o adolescente prestou depoimento espontaneamente e negou as acusações. "Não houve agressão alguma ou qualquer outra ilegalidade. O adolescente fez as declarações na presença de um promotor de Justiça e de um responsável legal (o tio)", diz nota enviada ao G1.

Testemunhas
O goleiro Bruno, o amigo dele, Luiz Henrique Ferreira Romão (conhecido como Macarrão) e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos (Bola), que já estão presos por suspeita de envolvimento no sumiço de Eliza, foram chamados como testemunhas na audiência, mas não se manifestaram. Apenas Sales conversou com o juiz. Um tio do menor prestou depoimento no Rio de Janeiro e uma cópia do que ele foi falado foi encaminhada por fax para Minas Gerais.

Bruno chegou ao juizado algemado, pouco antes do início da audiência. Ele foi recebido pelas pessoas que estavam em frente ao prédio aos gritos de "ão ão ão Bruno é seleção" e "assassino". Depois de cerca de 20 minutos, ele saiu. A caminho do carro da polícia, sorriu. Logo depois, saíram Macarrão e Bola.

Sales foi o último a deixar o local. Ele ficou cerca de 50 minutos na sala da audiência.

Os quatro foram levados para o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, que também fica em Contagem.

Sala
A audiência foi realizada no gabinete do juiz Elias Charbil, no Juizado da Infância e da Juventude de Contagem. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, além do adolescente, do juiz e do promotor, estavam na sala um escrevente, advogados de suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio, três representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), a mãe do adolescente e um comissário da Vara da Infância e da Juventude, responsável pela segurança.

Simulação da sala onde ocorreu a audiência, de acordo com informações passadas pelo TJSimulação da sala onde ocorreu a audiência, de acordo com informações do TJ

Bruno, Macarrão, Bola e Sales ficaram em salas separadas, sem comunicação, e foram chamados um de cada vez pelo juiz. Quando entraram, ficaram na cadeira destinada às testemunhas. Os três primeiros se negaram a falar. Sales ficou cerca de 50 minutos no local onde ocorreu a audiência.

Entenda o caso
Nascida em Foz do Iguaçu (PR), Eliza Samudio se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno, em Esmeraldas (MG). Os delegados já consideram Eliza morta.

Oito pessoas estão presas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por suspeita de envolvimento no desaparecimento da jovem, incluindo Bruno e Macarrão. Todos negam o crime.

No Rio, os dois são investigados por suspeita de participação no sequestro da jovem. Os dois também negam.

FONTE: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/menor-nega-ter-participado-da-morte-de-eliza-diz-promotor.html

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