quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O QUE NÃO É NORMAL É A POLICIA SER TÃO RAPIDA E EFICAZ...

'É frágil dizer que houve morte porque filho não estava com mãe', diz médico

Psiquiatra analisou declarações de delegado sobre o caso Eliza.
Para médico, reação do goleiro Bruno de Souza não é normal.

O psiquiatra Talvane de Moraes, vice-presidente do Fórum da Criança e do Adolescente da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, afirmou nesta sexta-feira (30) que o fato do filho ter sido separado de Eliza Samudio não significa que ela foi morta.

Comente esta notícia

O delegado Edson Moreira, que entregou o inquérito sobre desaparecimento da jovem à Justiça nesta sexta-feira, apontou o abandono do bebê como prova do assassinato de Eliza. Para a polícia, o filho de Eliza não seria abandonado porque ele seria importante para ela obter o dinheiro do goleiro Bruno de Souza, suposto pai da criança.

“Quantas mulheres abandonam os filhos? É uma coisa muito frágil dizer que houve morte simplesmente porque o filho não estava com a mãe”, disse o psiquiatra, que comenta inúmeros casos de crianças abandonadas pelas mães. “Existem circunstâncias em que as mulheres podem deixar [os filhos].”

Atitudes de Bruno
A atitude do goleiro Bruno, apontado pela polícia como mandante do crime, também não seria “habitual”, segundo o psiquiatra. O médico levanta duas hipóteses.

Na primeira suposição, se Bruno não tivesse envolvimento no caso. “A reação de uma pessoa, habitualmente, é protestar veementemente, não aceitar. É, muitas vezes, até ficar deprimido, se desesperar”, disse.

Em outra hipótese, se ele realmente tiver praticado o delito. “A passividade dele é de chamar atenção, não há dúvida, psicologicamente. E até aquele sorriso. É um sorriso que não é habitual. Faz talvez até supor de que ele não tenha alcançado a gravidade do fato”, disse.

Segundo o médico, os outros suspeitos do crime aparecem sempre visivelmente preocupados com a situação. “Ele pode ser até uma pessoa com limitações intelectuais, que não consegue alcançar a grandeza e a gravidade do fato, porque a reação não é normal.”

Sangue no carro
Para Moraes, que diz ter sido médico legista por 35 anos, é estranho o delegado afirmar que Eliza foi morta por asfixia apenas pelo relato do adolescente. Segundo o médico, o delegado poderia pedir um parecer para o legista dizer se os elementos “podem sugerir a possibilidade” de uma asfixia, não afirmar.

O médico ressalta que a comprovação por DNA do sangue de Eliza no carro é uma prova contundente. Porém, ele crê que seja um exagero do delegado dizer que o copo de água descartável usado pelo adolescente foi analisado no exame que apontou que era do menor sangue masculino que havia no carro.

"Em um produto descartável, ele pode até fazer pesquisa. Essa afirmativa não parece ser adequada, porque ele afirma com certeza. Ele chega, na conclusão do inquérito, a afirmar que os fatos aconteceram dessa maneira. Parece que fica muito por conta de uma elucubração”, disse.

Pai de Eliza (esq) e delegados participaram de entrevista coletiva, nesta sexta-feira
Pai de Eliza (esq) e delegados participaram de entrevista coletiva, nesta sexta-feira

Entenda o caso
Nascida em Foz do Iguaçu (PR), Eliza Samudio se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno. A jovem falou pela última vez com parentes e amigas no início de junho.

O corpo de Eliza não foi encontrado. Mas os delegados consideram a jovem morta.

Mesmo sem a polícia ter encontrado vestígios do corpo de Eliza, nove pessoas foram indiciadas por suspeita de envolvimento na morte da jovem. Todos negam participação no crime.

FONTE: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/e-fragil-basear-se-houve-morte-porque-filho-nao-estava-com-mae-diz-medico.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário