domingo, 5 de setembro de 2010

FICARAM 1 MÊS EM BANGU ...

Promotor diz que depoimentos que acusam Bruno 'foram contundentes'

Advogado do atleta analisa se vai entrar com pedido de habeas corpus.
Bruno e Macarrão vão ficar presos por 30 dias, em cadeia de Bangu.

O promotor Eduardo Paes ficou satisfeito com os quatro depoimentos do caso em que o goleiro Bruno e o amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, são acusados de sequestro, cárcere privado e lesão corporal contra Eliza Samudio. O caso ocorreu em outubro de 2009, mas as audiências começaram nesta quinta-feira (26). Após a sessão, os réus seguiram para o presídio Bangu 2, onde, segundo o Tribunal de Justiça do Rio, devem permanecer presos por 30 dias.

O Ministério Público dispensou o quinto depoimento, de um funcionário do condomínio onde Bruno tem residência no Rio, Leandro Carlos Freitas.

“Foi tudo confirmado. As provas e os depoimentos foram contundentes e mostraram como tudo aconteceu. Eu acho que agora a defesa vai ter que inventar a roda. Não tem mais o que se dizer. Vamos fazer para que as outras audiências aconteçam logo e que este caso termine o mais rápido”.

O advogado do atleta, Ercio Quaresma, tem 48 horas para fornecer à Justiça, os nomes e endereços completos das 13 testemunhas de defesa. Quaresma já indicou como testemunhas a própria Eliza Samudio, que está desaparecida desde junho, além de Adriano e Vagner Love, ex-companheiros do Flamengo. No entanto, a Justiça indeferiu o pedido do advogado.

Quaresma adiantou nesta quinta que vai se reunir com a sua equipe para analisar se vai entrar com um pedido de habeas corpus para Bruno. Ele alegou que seu cliente preferia ficar em Minas Gerais, onde tem familiares. No entanto, o Tribunal de Justiça explicou que cada transferência custa aos cofres públicos R$ 50 mil e que, por medida de economia, seria melhor o goleiro e Macarrão ficarem no Rio até o final das audiências.

O advogado de Bruno ironizou os depoimentos da acusação. Segundo ele, nada foi provado. Quaresma disse que achou estranho Eliza contar que foi sequestrada e só ir à delegacia no dia seguinte ao fato e não pedir ajuda à polícia.

“Ela preferiu falar com a imprensa do que com a polícia. Por que ela não levou a polícia até esse local onde ela disse que ficou durante o sequestro?”, questionou o advogado.

O TJ informou que ainda não há data definida para as próximas audiências. De acordo com o promotor Eduardo Paes, caso Bruno e Macarrão sejam condenados pelos crimes de sequestro e lesão corporal, eles podem pegar de 3 a 9 anos de prisão.

A audiência terminou pouco depois das 18h desta quinta (26). Bruno e Macarrão acompanharam apenas o primeiro depoimento, o da delegada Maria Aparecida Mallet, que na época da queixa era responsável pela Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam), local em que Eliza prestou queixa. As outras três testemunhas, Milena Baroni, amiga de Eliza, Mauro José de Oliveira e Matheus Larguer Dantas, porteiros do prédio do atleta, pediram para o juiz que os dois não acompanhasem a sessão. De acordo com o TJ, Bruno e Macarrão aparentavam estar calmos e tranquilos.

Os depoimentos
Segundo o TJ, o porteiro Matheus Dantas afirmou que viu Bruno entrar com Macarrão no condomínio na madrugada que teria acontecido o crime. Ele disse ao juiz, que não viu Eliza e nem outra mulher no banco de trás do veículo, já que o carro tinha uma película escura nos vidros. Já o funcionário Mauro Oliveira apenas relatou que não se recordava dos fatos.

Milena reforçou o depoimento que Eliza deu à delegada Maria Aparecida Mallet, na época titular da Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam). Segundo o TJ, a estudante explicou que só ficou sabendo da suposta tentativa de aborto que a amiga sofreu no dia seguinte, após receber uma ligação de Eliza pedindo que ela a acompanhasse até a delegacia. Milena relatou ao juiz que a amiga contou que Bruno e Macarrão passaram álcool em seu corpo, deram tapas, ameaçaram e a obrigaram a ingerir dois medicamentos – um azul e outro rosa - que seriam de efeito abortivo.

Milena disse ainda que, após o episódio, Eliza foi para São Paulo e, depois do nascimento do filho, voltou para o Rio, onde ficou a princípio na casa de uma amiga, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até receber uma proposta de Bruno para morar em um apart hotel pago pelo atleta.

Eliza contou que foi ameaçada, diz delegada
A primeira testemunha de acusação ouvida foi a delegada Maria Aparecida Mallet, que era titular da Delegacia da Mulher na época da queixa. Na audiência, a delegada contou que Bruno a ameaçou de morte caso ela não aceitasse abortar o filho que seria do goleiro.

“A primeira vez que Eliza me procurou estava muito nervosa e relatava que estava sendo ameaçada de morte”, disse a delegada.

Durante a audiência, Maria Aparecida disse que Eliza contou que conheceu Bruno num churrasco, e posteriormente engravidou dele. Segundo a delegada, a jovem afirmou que o goleiro estava insistindo para ela fazer um aborto, e na madrugada do dia 13 de outubro, Bruno teria ido até o apartamento de Eliza, junto com Macarrão, e mais dois homens. Eliza teria sentado no banco de carona ao lado de Bruno, que estaria dirigindo, e o goleiro teria tentado convencê-la novamente a fazer o aborto. Bruno teria ameaçado, então, Eliza de morte caso ela não tomasse os remédios abortivos, ainda segumdo o depoimento da jovem à delegada.

A delegada disse ainda que, com medo, Eliza teria afirmado que aceitou tomar os remédios abortivos quando estava na garagem do condomínio de Bruno. Eliza teria dito ainda que o irmão de Bruno era uma das pessoas que estavam no carro. Segundo o depoimento da jovem, tudo teria acontecido por volta da 2h do dia 13 de outubro, e ela teria dormido na casa do goleiro até a tarde do dia 13. De lá, ela teria ido embora de táxi.

Durante a audiência, Maria Aparecida Mallet teve que explicar à defesa do goleiro por que não mandou prender Bruno após a denúncia de Eliza. Segundo ela, na época, não havia testemunhas para comprovar o que Eliza narrou. A delegada falou ainda que o porteiro do condomínio de Bruno disse ter aberto o portão por volta das 3h e por causa do vidro escuro não enxergou todas as pessoas que estavam no carro. O porteiro teria visto apenas Bruno e Macarrão no veículo.

Maria Aparecida lembrou ainda que ficou com o caso apenas por seis dias, já que no dia 20 de outubro ela foi transferida para outra delegacia.

Ainda segundo a assessoria do TJ, Bruno e Macarrão chegaram algemados à sala de audiência. Pouco depois, a defesa requisitou que fossem retiradas algemas e o juiz aceitou o pedido.

Suspeitos chegam ao Rio
Bruno e Macarrão também são réus no processo deste ano sobre o desaparecimento e morte de Eliza, em Minas Gerais, onde estavam presos. Os dois chegaram à 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá no fim desta manhã.

Eles não poderão receber visitas durante o período em que ficarem no presídio Bangu 2. A informação foi dada na quarta-feira (25) pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), acrescentando que os dois ficarão “em celas individuais e separadas”, e “não terão contato com os outros presos”.

Entenda o caso

O goleiro Bruno e Macarrão também são réus no processo que investiga a morte de Eliza Samudio. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público contra Bruno e outros oito envolvidos no desaparecimento e morte de Eliza. Fernanda Gomes de Castro, namorada de Bruno, foi presa em Minas Gerais.

O goleiro Bruno; Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Sérgio Rosa Sales; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro vão responder na Justiça por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é o único que responderá por dois crimes. Bola foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Todos os acusados negam o crime. As penas podem ultrapassar 30 anos.

A pedido do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão preventiva de todos os acusados. Com essa medida, eles devem permanecer na cadeia até o fim do julgamento.

Em 2009, Eliza teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno. A jovem falou pela última vez com parentes e amigas no início de junho.

O corpo de Eliza não foi encontrado. Mas os delegados consideram a jovem morta. Todos negam envolvimento no caso.

FONTE: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/08/promotor-diz-que-depoimentos-que-acusam-bruno-foram-contudentes.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário