Vacinado por vexames, Bruno aposta: ‘Flamengo fez time para ser campeão’
    Goleiro revela detalhes do 'Maracanazo' para o América-MEX na Taça Libertadores de 2008: ‘Houve festa dentro de campo'
   
                                                   Bruno deixa o treino do Flamengo ao lado da filha Bruna             
                  No dia 7 de maio de 2008, Bruno deixou o gramado do Maracanã aos         prantos após a eliminação para o América-MEX. Foi a única vez         que a cena aconteceu em 209 jogos no Flamengo.         Nesta quarta-feira, mais calejado, o agora capitão rubro-negro         inicia contra o Universidad Católica (às 21h50m, de Brasília) a         trajetória para espantar fantasmas de duas participações         frustradas e expandir seu vitorioso currículo de títulos na         Gávea.
       
        Mais do que a experiência dos 25 anos de vida, o         goleiro traz na memória o famoso Maracanazo de Cabañas e         companhia. Sem meias palavras, conta em entrevista ao         GLOBOESPORTE.COM que a preparação para a partida foi mal feita e         houve festa. Mas só dentro de campo.
       
        - Não aconteceu pagode na concentração, como         chegaram a falar. O sambista (Arlindo Cruz) deu apenas uma         passada no hotel para abraçar um jogador. Isso é normal em todos         os jogos. Se houvesse (pagode) eu falaria, sem dúvida. A festa         foi apenas dentro de campo – disse.
       
        A outra participação de Bruno na Libertadores         também terminou de forma melancólica. Em 2007, o Flamengo perdeu         por 3 a 0 para o Defensor em Montevidéu no jogo de ida. Apesar         da vitória por 2 a 0 no jogo de volta, a eliminação carimbou a         equipe comandada por Ney Franco.
       
        Os tempos mudaram no Rubro-Negro. Desta vez, a         equipe estreia na principal competição sul-americana credenciada         pelo título brasileiro e o tricampeonato carioca. E Bruno aposta         no grupo para fazer história.
       
        Confira a entrevista:
        GLOBOESPORTE.COM: Depois de duas eliminações nas oitavas             de final de Libertadores, em 2007 e 2008, qual é a principal             lição que você tira para a participação deste ano?        
        Bruno: Acho que já estou vacinado. Nos dois anos,         pegamos times de menor expressão, que teoricamente seriam         fáceis. Mas não foram. Não adianta achar que vamos ganhar apenas         pelo nome, pela camisa. A Libertadores não é brincadeira.
              E dá para listar as principais dificuldades?     
     Primeiramente a arbitragem, que é totalmente diferente da que         temos aqui no Brasil. O jogo fica muito mais corrido e tenso.         Não podemos bobear. Outro fator importante é a pressão da         torcida adversário nos estádios. O fanatismo fica enorme na         Libertadores. Por isso, acho que o nosso mando de campo não pode         ser desperdiçado. Temos uma torcida imensa e que precisa         demonstrar sua força no Maracanã.
                   Mas o Flamengo é favorito ao título?     
     O Flamengo fez um time para ser campeão. Com esse elenco, não dá         para dizer que vamos entrar apenas para participar. Só de vestir         essa camisa (aponta para o uniforme de treino) a pressão nos         obriga a lutar pelo título.
                   O time atual é mais forte em relação a 2007 e 2008?     
     Acho que sim. Nenhum time no Brasil tem dois atacantes como os         nossos (Adriano e Vagner Love), nosso meio-campo é muito forte,         com vários pitbulls. E a diretoria montou um elenco forte, o que         é importante para esse tipo de competição. Principalmente porque         pode haver suspensão, lesão...
                   Depois de vencer três cariocas consecutivos, você falou             abertamente que precisava de uma conquista de maior             relevância para se sentir realizado no clube. E aí veio o             Brasileiro. De alguma forma isso o faz entrar mais             sossegado, menos pressionado na Libertadores?     
     Meu primeiro objetivo era o Brasileiro e foi alcançado. Só que         quero mais. Sou um cara ambicioso e na vida precisamos ser         assim. Não vou parar por aí. Quero entrar para a história e         colocar meu nome ao lado de Zico, Andrade e tantos outros. Ainda         mais porque posso ser o primeiro goleiro a erguer a taça da         Libertadores com a camisa do Flamengo.
                   O que há de mito e de verdade na derrota por 3 a 0 para             o América-MEX?     
     Olha, na Libertadores não existe jogo fácil. Mas não levamos isso         a sério. A preparação para aquele jogo foi mal feita e         totalmente voltada para a despedida do treinador (Joel Santana,         que iria para a África do Sul). Alguns jogadores queriam entrar         em campo e foram poupados. Tornou-se um jogo comemorativo e não         deveria ser. Quando o América-MEX fez um, dois gols nós         continuamos atacando e esquecemos que a derrota por 2 a 0 de         diferença nos colocaria na fase seguinte.
                   Falou-se em pagode na concentração...     
     Não aconteceu isso, como chegaram a falar. O sambista (Arlindo         Cruz) deu apenas uma passada no hotel para abraçar um jogador.         Isso é normal em todos os jogos. Se houvesse (pagode) eu         falaria, sem dúvida. A festa foi apenas dentro de campo.
                   E por que chorou na saída de campo?        
        Pensei no torcedor. Havia não sei quantas mil         pessoas no Maracanã, torcedor povão mesmo. E entregamos um jogo         que era nosso. Se avançássemos, certamente chegaríamos à final.         Nosso time era muito bom. E eu pressenti aquela derrota. Quando         vi o time atacando sem parar, empurrado pela torcida, sabia que         o pior viria. Sem brincadeira, eu tinha certeza que tomaríamos o         terceiro gol. E podíamos ficar lá mais dez horas que não         faríamos nenhum.
FONTE: http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Flamengo/0,,MUL1502894-9865,00.html